A MUSICA CONTA HISTORIAS...

Esses foram os ANOS DOURADOS de quem hoje tem em torno de 40 anos de idade.
Epoca de Disco music. Muito brilho. Muita danca. Muito ritmo. Muitos jovens...
E eu...timida.
Nao sorria. Nao falava. Nao dava sinal de vida.
Ate que um dia fui a uma festa de casamento e todos dancavam e dancavam. Entrei dentro de um dos quartos e fiquei ali morrendo de vontade de dancar tambem, mas morrendo de vergonha. Ate que num impulso voltei ate a sala, fechei os olhos e arrisquei os primeiros passos.

Devia ter em torno de 12 anos de idade quando isso aconteceu...
Dancei...dancei. E descobri na danca uma maneira de me soltar...
Me empolguei e esqueci-me do mundo la fora. Das pessoas a minha volta.
De olhos fechados apenas vivi o som na caixa. Foi maravilhoso!
Mas...
Uma hora teria que abrir os olhos. Toda musica chega ao fim. A vergonha retornou nesse momento , e timidamente minhas palpebras foram se abrindo, quando deparei-me com todos parados observando aquela menina tao pequena e tao magrinha dancando feito uma pluma
Mas...
Sempre que ouvia outra musica. Em qualquer lugar que tivesse a danca tomava conta de mim. E dancava sem me preocupar com as pessoas a minha volta.
Curti todo esse som estrondoso dos anos dourados

Jonh Travolta entao surgi com os EMBALOS DE SABADO A NOITE arrepiando.
Todos queriam imita-lo. E nos clubes era normal vermos os rapazes dancando como ele

Bee gees era o sucesso da epoca por causa do filme.Em todas as festas , em todos os clubes Bee Gees era a pedida.
Nunca imaginei que eu um dia moraria no estado cantado por esse grupo. Antes mesmo dos anos 70/80, anos dourados.
Massachusetts...a vida da voltas.
Musica cantada pelo grupo em 1967, apenas dois anos depois do meu nascimento.

No entanto foi nos anos dourados que estouraram de fato no Brasil.
Simplismente foi sucesso com More Than A Woman, nos anos dourados. E essa musica muitas vezes foi regravada.


Revolucao no mundo jovem da epoca. Sorveterias lotadas esperando a hora de irmos para as discotecas dancar, dancar,e dancar

Algumas meninas iam namorar tambem. As sacadas do Saldanha da Gama, clube no auge dos anos dourados na cidade de Vitoria ES. Eu nao...estava muito preocupada com os momentos em que deixava a timides de lado e dancava, e dancava sem parar...
Ainda me lembro de um namoradinho que arranjei perto do bairro que morava que ficou pe da vida comigo pq assim que chegamos no clube, fui ao banheiro e nunca mais voltei ate a ele.
Na verdade so me dei conta que havia ido la com alguem quando tocou a ultima musica e as luzes se acenderam. Claro, o namoro que ia comecar , acabou antes disso rs.
As dancas daquele tempo tinham ritmo e harmonia. Era realmente gostoso dancar discoteca. GOO TIMES!

Faltou ai os movimentos de Jonh Travolta quando jogava sua parceira de danca para o alto e a rodopiava. Nos clubes haviam concursos desses passos.
Ja piolho de danca que era, fui convidada por um rapaz para ser sua parceira. Amigos isentivavam. Entao decidi que a minha timidez nao me deixaria chegar a tanto.
O rapaz escolheu entao outra parceira e ganharam. Enquanto toda a turma aplaudia.
Minha amiga paquerava com um rapaz chamado Sanley e eu adorava tirar sarro dela com a musica Sunny, pq parecia falar Sanley rs.

Shirley foi minha melhor amiga de infancia e adolescencia. Viviamos grudadas .
Por volta dos 10 anos de idade, fomos a praia com nossos irmaos e nos afastamos para comprarmos um baita sanduiche de salame. Morro de rir quando recordo que eu e ela, decidimos enchermos nossas bocas de paes, para que uns rapazes que tiravam fotos de nos parassem. Achavamos que iamos ficar horriveis com as bocas cheias de paes hahahahhahaha. Coisa de crianca...

Por volta dos 16 anos conheci o grande amor de minha vida. Joao Carlos

Ele jura que ja me observava desde os tempos do Saldanha da Gama. Que da parte de cima do clube ficava sacando aquela louca dancando e dancando sem olhar para os lados.
Ele imaginava que eu nao o reconheci quando fui apresentada a ele porque nao dava a minima bola a ele. Nao era verdade. E que eu realmente nao pensava em outra coisa senao dancar e dancar.
Ele diz tambem que me viu novamente no show de JOrge Ben Jor que cantava Taj Mahal e eu realmente nao me recordo de ter ido la. A memoria falha com a idade hahahahahahhahahha. Diz ele que fiquei pulando e cantando TAJ MAHAAAAAAAAAAAAAL. KKK


Vai saber...
Ta! Mas ai namoramos por alguns meses , e em casa, como mandava o figurino da epoca.
Ainda me recordo que minha mae tirou proveito do jovem apaixonado o mandando capinar o quintal de nossa casa. E o eficiente pretendente foi la com a enxada na mao hahahahha.
So exigiu a ajuda de meu irmao mais novo que foi ate o quintal a sua frente dizendo que ia ajudar, mas nao o encontravamos.
Eu de dentro da casa, via meu pobre namorado capinando e capinando e volta e meia enxugando o suor. Tudo para provar a minha mae o seu amor por mim , Uiiiiii!
No final do "expediente" fui leva-lo uma limonada para o coitado refrescar, quando descobrimos que meu irmao dormia profundamente na lage da casa hahahahahhaha.
Esse ai abaixo e o jovem preguicoso hehe, entreguei!
Hoje e um homem serio e bem casado. Ninguem diria que ja deu uma rasteira no meu namorado que suou para deixar o quintal sem nenhum capinzinho hihi.

Terminamos tempos depois. Nao foi por causa do servico escravo Nao hehe.
Apaixonada sofri pra caramba , e ele tambem, mas a vida foi seguindo.
Ele conheceu outra moca e eu conheci outro rapaz. Esse chamava-se Vitor, pai de Hugo.
Namoramos numa epoca em que a boa musica disco ja tinha findado. Entrava outra epoca. Tocava muito Kid Abelha, e Menina Veneno de Ritchie era sucesso!
O clip nao era esse, e muito menos esse cara era a menina veneno, mas vai ai uma satira da famosa musica MENINA VENENO

Nossa, alto sucesso! Nas radios so tocava menina veneno, menina veneno.
Mas eu me amarrava mesmo e na musica URSINHO BLAU BLAU.
Achava super carinhoso e as vezes chamava Vitor de MEU URSINHO BLAU BLAU.

Acho que ficamos juntos, eu e Vitor por 2 anos. Bastou Hugo nascer para seguirmos rumos diferentes.
Na epoca da separacao minha falecida irma Mara estava hospitalizada e Hugo tinha menos de um mes de nascimento.
A vida foi seguindo e as dancas ja nao tinham tanta importancia. Nao tinha tempo entre fraudas e fraudas. Cueiros e cueiros.
Mas sempre dava um tempinho para fugir das obrigacoes e la ia eu com as melhores amigas de minha irma Mara. Simone e Margareth ao clube da epoca.
Fiquei 3 anos, quase 4, sem sair de casa ate que descobri que ainda era muito jovem. Tinha apenas 23 anos e ficava socada dentro de casa a 3 anos.
Mas ai, tambem ja era um ritmo diferente que tocava.

Margareth e Simone tinham a idade de minha irma mais nova, mas sao para mim como irmas mais novas. Uma vez que foram as amigas preferidas de minha irma.
Essa e a Simone

Depois disso muitas coisas aconteceram. Ate que virou passado essa mania de dancar e dancar.
O tempo passa, e as obrigacoes tambem vao surgindo. Perdemos o entusiasmo. Vida de adulto nao e facil de viver nao...
Dentro de casa, nao podia ouvir as musicas dos anos dourados, que era inevitaval. Dancava e dancava...
Dessa vez o meu publico admirador era Hugo, que sempre que abria os meus olhos pegava-o olhando-me admirado e sorrindo. E sempre dizia aplaudindo e com os olhos brilhando.
AEEEEEEEEEEEEEEEEEEE MAEEEEEEE!

Hugo, nao entendo ainda porque, nunca aceitou que eu e seu pai vivessemos separados. Tinha como o maior objetivo de sua vida que ainda houvesse um reencontro. Nunca entendi isso, porque ele nunca conviveu conosco juntos. Uma vez que nos separamos antes que ele completasse um mes de idade.
Creio que esse desejo dele partia do grande amor que sentia tanto por mim, como por seu pai.
A familia materna sempre soube disso. Ele nao comentava o assunto com a familia paterna, porem para a familia materna nunca escondeu esse grande desejo e fazia tudo para que fosse possivel isso.
Era comum ouvir Hugo tentar me convencer que ainda existia amor.
De fato amei apenas dois homens em toda minha vida, apesar de ter namorado com outros. Esse foi Vitor e o primeiro namorado. Joao Carlos...
Era comum tambem, ouvirmos Hugo sempre encontrar defeitos em possiveis pretendentes. para ele o homem ideal era o seu pai.
Bastou conta-lo que WE ARE DE WOLD , foi uma musica que marcou meu namoro com seu pai, porque fez muito sucesso na epoca e dancamos juntos num quarto e a sos essa musica, para que Hugo se apresasse em inclui-la no seu IPOD.
Isso aconteceu num tempo que Michael Jackson ainda tinha uma cor bonita e um sorriso cativante.


25 anos depois e 15 anos de completa ausencia, ja que sai do Brasil, a vida provoca-me uma surpresa. O destino une novamente eu e Joao Carlos. Acontece o reencontro.
Joao Carlos morava perto dos trilhos de trem , proximo a minha casa.
Na infancia sempre que ouvia o apito do trem, sentada na calcada, o meu coracao apertava e sentia uma profunda tristeza.
Nao sabia explicar a razao disso. Sabia apenas que o barulho do trem me incomodava.
Quando eu e Joao Carlos terminamos, liguei esse sentimento a ele. Como uma especie de premonicao.
Achava isso porque ele morava perto dos trilhos e inevitalmente depois que terminamos sentia aquela mesma tristeza quando ouvia o trem com a diferenca que dessa vez, lembrava-me que ele morava perto dos trilhos.
Surpreendentemente Hugo encara meu relacionamento com Joao Carlos de maneira diferente.
Liga para nos na quinta-feira, 4 dias antes de partir para a gloria, e diz a Joao Carlos "Eu te amo! Te amo porque voce faz a minha mae feliz".
Em seguida me diz ao telefone: "Mae, antes eu achava que voce e papai deveriam ficar juntos, mas vejo que esse rapaz ai te ama de verdade". E continua:
Ve se dessa vez nao desiste nao, mae. Vai em frente e casa com ele.

20 de Agosto de 2007.11:30 da manha, horario de Massachusetts.
No Brasil ainda era muito mais cedo.
25 anos depois eu estava proxima a Joao Carlos quando ouvi o barulho do trem que passava laaaaaaa embaixo e disse: "Lembra-se que voce morava perto dos trilhos do trem?
-Sim, claro que me lembro.
-Quando crianca eu sentia uma tristeza tao grande e profunda no coracao quando o trem passava. E depois quando namoravamos na varanda de sua casa, o trem era tao presente. Entao quando terminamos continuei sentindo essa tristeza, e sempre achei que era por causa de voce. Da sua ausencia. O trem vai ate aonde?
-Ah, ele passa por todos os lugares.
-Voce me leva um dia para andar nele?
-Sim. Levo.
Quando sofria por ele. Tantos anos de separacao. Fagner sempre era motivo de lembrar-me dos nossos momentos juntos na juventude.
Joao Carlos ouvia muito Fagner tocados em grandes discos de vinil enquanto namoravamos.
Essa musica retrata bem o que sentia

A partida de Hugo quebrou definitivamente o elo que ainda me ligava a Vitor. Nao existe mais porques e para ques.
Deus foi tao generoso para comigo, que o Espirito Santo convenceu o coracao do meu filho a aceitar um novo amor em minha vida . A aceitar meu coracao abrir-se para viver antes de leva-lo, para que eu nao sentisse culpa. Para que eu vivesse um grande amor. Borbulhas de amor...


5 horas depois do dia 20 de Agosto de 2007. O telefone toca novamente e meu irmao conta-me a verdade.
-Hugo faleceu, as 11;30 da manha. Horario de Massachusetts atropelado por um trem.
E nesse dia me foi explicado porque eu sentia tao profunda tristeza sempre que na minha infancia , adolescencia e fase adulta eu ouvia o apito do trem.
Hoje, sigo minha vida com minha consciencia tranquila de que amei e amo o meu filho mais do que tudo nesse mundo e igual amei e amo seus irmaos.
Sigo minha vida, caminhando em direcao a felicidade ate que um dia Deus tambem me leve, com a certeza de que meu filho, Hugo, descansa em paz.
E isso foi bem retratado com essa musica tocada em sua despedida.

E o grande sucesso de 1985. Exatamente o ano em que Hugo nasceu, WE ARE THE WORLD ficara para sempre em minha lembranca, representando uma pessoa que me deu o grande presente de minha vida...meu filho, Hugo Giuberti.
Ficara no meu coracao, como simbolo de momentos maravilhosos que vivi com o homem que junto a mim, me deu o prazer, a felicidade, a alegria de ter convivido com a crianca, o adolescente e o pequeno adulto sensacional que Deus nos deu a honra de chamarmos de NOSSO FILHO.